domingo, 16 de janeiro de 2011

Alguma Descrição

Então... Dentre as sete imagens recorrentes em minha mente (as quais me percebo pensando nos não raros momentos de distração) esta corresponderia a uma das últimas, caso realmente haja uma cronologia entre elas:
Acredito que eu tenha 32 anos ou esteja um pouco mais jovem. Estou só, dirigindo um carro azul marinho antigo (ou só de design “retrô”), subindo aos poucos em direção ao oeste. A estrada é boa, estreita, asfaltada e reta, se tornando mais e mais esguia no longo caminho que segue... Não sinto a falta de ninguém, mas parece que deixei de fazer algo. Há alguma pasta,mochila ou bagagem no centro do banco traseiro, parece ser algo marrom e de tamanho médio.
O sol já se pôs, mas ainda há muita luz no ambiente, o céu está alaranjado no limite do horizonte, se misturando ao todo restante azul claro. Posso ver o que restou das grandes nuvens da tempestade que passou, elas são muitas e se concentram mais ao sul, estão esguias, arrastadas lentamente pelo vento fraco que passa às alturas, algumas ainda estão arredondadas, de um cinza escuro iluminado de laranja...
Aqui em baixo, ao redor, nada se move, à direita, ao norte, posso ver um longo gramado, de um verde jovem e claro, que se estende sobre as colinas além do limite da visão. Ele parece estar coberto por orvalho, mas é a água da chuva, que também está presente nas finas rachaduras da estrada e em suas extremidades.
À esquerda, logo atrás de um estreito matagal, há uma floresta densa, de árvores baixas e retorcidas, suas folhas são escuras e parece haver muita umidade, não pode ver-se muito de seu interior. Eu não sei bem por quanto ela se estende, mas ela tem se mantido ao meu lado durante o caminho, apesar de parecer ser pequena. Eu evito olhar nesta direção, mantenho minha visão à frente e de vez em quando procuro algo sobre as colinas...
Não há mais nada vivo além das plantas... Meu rosto está apoiado sobre a mão esquerda, do braço que se apóia na porta do carro, rente ao vidro que está cheio de gotículas que escorrem por ele. Toda a lataria do carro está molhada também.
Tenho pensamentos inconclusivos, parece que tento lembrar algo que sempre foge à mente. Não estou atento e há uma música em pause no som do carro... Eu gostaria de ouvi-la, mas percebo que precisei de silêncio, e ainda resisto um pouco dentro dele... Quando olho para o display, tenho a impressão de ler “TRAVIS” nas letras azuis brilhante. Sempre acho que é alguma música deles... Gosto muito de “TRAVIS”, mas não vejo a razão de ouvi-los enquanto dirijo, talvez porque muita coisa mudava quando conheci esta banda. Mesmo assim, acho que poderia ser “KEANE” ou “RADIOHEAD”. Estranho não ser “THE KILLERS”, eu sei que vou ter muitas lembranças ligadas às músicas deles...
Há o cheiro de terra molhada, não posso senti-lo porque as janelas do carro estão fechadas, mas sei que está presente. Está um pouco frio também, não percebo muita alegria, tudo parece um pouco melancólico, nostálgico. Também sinto algo semelhante à esperança, mas não é bem isso, há paz e o clima de bonança é expressivo.
Como as outras imagens, esta também não tem um ponto de início ou fim, ela se estende na mente, enquanto mantenho o caminho ao oeste e me vêm outros pensamentos ou me lembro do que estava fazendo e continuo a atividade. E é isto.

{Esta descrição é real (no meu conceito de realidade, não no seu, que eu não conheço...). Tinha essas impressões por volta de 2007. O texto é original de 2009... Acho...}

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